Natural de Inhambane, Belzenia Matsimbe formou-se em engenharia civil com excelência pelo ISUTC e hoje é uma profissional reconhecida no mercado moçambicano, tanto como docente universitária e como engenheira civil. Acredita que a ideia de enveredar pela área de construção civil faz parte da história de sua família, uma vez que, tanto o seu avô como o seu pai trabalharam como mestres de obras.
Belzenia, com o objectivo de inspirar e impactar a vida de outras meninas que se encontram reticentes sobre a escolha das áreas das engenharias, partilhou a jornada connosco.
B.: Não. Durante boa parte da minha infância sonhei em ser médica, por influência da minha mãe, que é enfermeira. Quando entrei para o ensino secundário queria ser jornalista, mas perdi interesse pelas letras, passei a querer ser cientista. Quando frequentava a 12.ª classe fiz um teste vocacional e o resultado indicou que eu tinha aptidão para a engenharia.
B.: Como resultado de conversas com os meus pais. Quando decidi que queria ser engenheira, eles ajudaram a avaliar o perfil do graduado e saídas profissionais de diferentes cursos de engenharia.
Por ser neta de um mestre-de-obras e o meu pai já ter trabalhado na área da construção civil por um tempo, cresci a ouvir histórias de obras. Logo, engenharia civil me pareceu a escolha mais acertada.
B.: Os anos foram de trabalho duro, mas muito bons. Para além do conhecimento técnico que adquiri, aprendi a ser responsável, a trabalhar em equipa e sob pressão. Cresci como ser humano e fiz grandes amigos.
Um momento marcante para mim foi uma visita de estudo na disciplina de Vias de Comunicação. Passamos o dia inteiro na estrada a analisar os problemas e conciliar a teoria e a prática. Senti-me engenheira pela primeira vez na vida, naquele dia, tive certeza de que estava no curso certo.
Conseguir adaptar as soluções técnicas de engenharia para resolver os problemas existentes na nossa realidade moçambicana, quando não existem regulamentos e códigos de construção próprios — em quase todas as áreas da engenharia usamos os regulamentos portugueses ou de outros países. Somado a isto, nem dados em quantidade suficiente para apoiar essa tomada de decisão.
Não precisam ter medo. Acreditem em vocês mesmas e sejam firmes. O curso é desafiador, mas no fim será gratificante trabalhar com o que vocês amam, exigindo o respeito e o reconhecimento que vocês mesmas construíram.